Na reunião HRS.19 (Heart Rhythm Society’s Annual Scientific Sessions – 8-11 Maio 2019, S. Francisco, USA) foi apresentado o trabalho publicado online a 11 Maio 2019 no Journal of the American College of Cardiology:
Reddy, V. Y., et al. (2019). “A Percutaneous Permanent Carotid Filter for Stroke Prevention in Atrial Fibrillation: The CAPTURE Trial.” Journal of the American College of Cardiology
Resumo Condensado: Os anticoagulantes orais funcionam bem para prevenir o AVC na Fibrilhação Auricular. No entanto, nalguns doentes, há contra-indicações para anticoagulação, pelo que outras estratégias são necessárias. São apresentados os resultados de um novo filtro permanente de carótida colocado bilateralmente para capturar êmbolos com tamanho superior a 1,4 mm. Neste estudo multicêntrico não randomizado, com 25 doentes, mostramos que, sob orientação ultrassonográfica de superfície, o sucesso da colocação do filtro foi de 92%, e isso foi realizado sem grandes eventos adversos. Num seguimento médio de 6 meses não se observaram eventos adversos relacionados com o dispositivo. Também houve evidência clínica que os êmbolos podem ser capturados com sucesso.
A investigação foi realizada em 3 países europeus:
1. Homolka Hospital, Praga, Republica Checa
2. OLV Ziekenhuis, Aalst, Bélgica
3. Sint-Antonius Zieknhuis, Nieuwegein, Holanda
Comentário (20190511mgl): A epidemia da Fibrilhação auricular tornou-se num problema clínico muito frequente e por vezes difícil de tratar. Nos doentes com contraindicações para a anticoagulação oral (com os novos anticoagulantes orais ou com os antagonistas da vitamina K) a solução disponível em ambulatório é o encerramento percutâneo do apêndice auricular esquerdo. Esta solução muito inovadora apresentada no CAPTURE Trial tem de ser comprovada em estudos randomizados e controlados que irão demorar vários anos. Se os resultados forem positivos temos depois a aprovação pelas entidades reguladoras (FDA, EMA, Infarmed) e por fim o processo de definição do custo dos dispositivos, respectiva comparticipação e curva de aprendizagem nos centros que quiserem optar por esta solução terapêutica. Ou seja esta inovação terá de suportar o habitual teste dos anos.
Realço o papel da ultrassonografia de superfície como método de ajuda à colocação do dispositivo.