20150423 – O salário dos cardiologistas

Acaba de ser publicado o Medscape Cardiologist Compensation Report 2015  que fizeram um inquérito a 19.657 médicos norte-americanos. Neste relatório pode verificar-se que em 2014 os cardiologistas recebiam o segundo salário mais elevado (USA$376.000 por ano) apenas ultrapassado pelos ortopedistas com USA$421.000. Já no fim da tabela (que inclui 26 especialidades) temos os pediatras (USA$189.000) e os médicos de familia (USA$195.000).

O The New England Journal of Medicine  começou a publicar uma serie de artigos sobre International Healthcare Systems onde é possível encontrar os valores dos salários dos médicos em vários países na rubrica “average annual base salary for senior physicians em U.S.$. Esse valor é:

Suécia: 92,511(1)

Grã-Bretanha: 91.005  a 165.027 (General Practitioner ) e 122.368 (Especialista)(2)

China:  15.000 a 50.000 (3)

  1. Anell A. The Public–Private Pendulum — Patient Choice and Equity in Sweden. New England Journal of Medicine. 2015;372(1):1-4.
  2. Marshall M. A Precious Jewel — The Role of General Practice in the English NHS. New England Journal of Medicine. 2015;372(10):893-7.
  3. Blumenthal D, Hsiao W. Lessons from the East — China’s Rapidly Evolving Health Care System. New England Journal of Medicine. 2015;372(14):1281-5.

Comentário: O panorama em Portugal é diferente. Os valores dos salários praticados no Serviço Nacional de Saúde em 2014 vão (por mês) de 1.853,96€ a 5.664,87€ de acordo com a Tabela Salarial 2014 divulgada pelo Sindicato Independente dos Médicos, baseada na Portaria nº410/2005 de 11 Abril. De notar que os vencimentos dos médicos estão congelados desde 2005. De acordo com a informação veiculada pelo semanário Expresso (de Lisboa) de 11 de abril 2015 os médicos foram os funcionários públícos com a maior quebra nos seus vencimentos. Entre 2011 e 2014 perderam 356€ por mês.

20150418 – Deve ser evitada a utilização de digoxina na filbrilhação auricular crónica

No estudo observacional utilizando os 14.171 doentes do ensaio clínico ROCKET-AF verificou-se que 37% dos doentes foram tratados com digoxina. Estes doentes tiveram um risco aumentado de morte (5·41 vs 4·30 eventos por 100 doentes-ano; hazard ratio 1·17; 95% CI 1·04–1·32; p=0·0093), de morte  de causa vascular (3·55 vs 2·69 eventos por 100 doentes-ano; 1·19; 1·03–1·39, p=0·0201), e de morte súbita (1·68 vs 1·12 eventos por 100 doentes-ano; 1·36; 1·08–1·70, p=0·0076).

Washam JB, Stevens SR, Lokhnygina Y, Halperin JL, Breithardt G, Singer DE, et al. Digoxin use in patients with atrial fibrillation and adverse cardiovascular outcomes: a retrospective analysis of the Rivaroxaban Once Daily Oral Direct Factor Xa Inhibition Compared with Vitamin K Antagonism for Prevention of Stroke and Embolism Trial in Atrial Fibrillation (ROCKET AF). The Lancet 2015 Mar 5; [e-pub]. (http://dx.doi.org/10.1016/S0140-6736(14)61836-5)

http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(14)61836-5/abstract

Comentário: Apesar do hazard ratio ser apenas de 1,17 para a mortalidade global devemos ter cuidado com a utilização da digoxina na fibrilhação auricular crónica. De acordo com as Normas de Orientação Clínica (NOC – Guidelines) o controlo da resposta ventricular na fibrilhação auricular deve ser obtida com os beta-bloqueantes e os antagonistas dos canais de cálcio não-dihidropiridinos (diltiazem e verapamil). Os digitálicos devem ser apenas usados quando estes farmaco não forem tolerados ou não controlarem a frequência cardíaca.  No caso dos doentes em fibrilhação auricular e  insuficiência cardíaca resistente à terapêutica recomendada, justifica-se a utilização da digoxina como arma de terceira linha.

Em agosto de 2014 o Journal of the American  Collegue of Cardiology  publicou um artigo original (com editorial) em que este aumento de mortalidade foi também observada no ensaio TREAT-AF.

1 – Turakhia MP et al. Increased mortality associated with digoxin in contemporary patients with atrial fibrillation: Findings from the TREAT-AF study. J Am Coll Cardiol 2014 Aug 19; 64:660. (http://dx.doi.org/10.1016/j.jacc.2014.03.060)

http://content.onlinejacc.org/article.aspx?articleid=1895457

2 – Reynolds MR.(Editorial) Outcomes with digoxin with atrial fibrillation: More data, no answers. J Am Coll Cardiol 2014 Aug 19; 64:669. (http://dx.doi.org/10.1016/j.jacc.2014.04.070)

http://content.onlinejacc.org/article.aspx?articleid=1895461

20150406 – World Health Day 2015: Food safety

A Organização de Mundial de Saúde (WHO) escolheu o dia 7 abril para assinalar o tema muito importante da Segurança Alimentar. O Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa divulgou a noticia e forneceu alguns links importantes:

Complex food chain increases food safety risks

Fact sheet – Food safety in the WHO European Region

Infographic – More than 200 diseases are spread through food

Comentário: o doente cardiovascular crónico é muito sensível a qualquer intercorrência aguda  como por exemplo uma intoxicação alimentar. A informação que a OMS pretende difundir é particular mente importante quer para os doentes (e seus familiares) quer para os profissionais de saúde que os tratam.

20150406 – NOC – HTA – Redução de Sal na Dieta

A World Hypertension League (juntamente com a World Action on Salt & Health, and the Australian Division of World Action on Salt & Health) acabam de publicar um POLICY STATEMENT sobre a nomenclatura a utilizar quando nos queremos referir à ingestão de sal (ou seja sódio) e à redução do sal na dieta com vista a controlar a hipertensão arterial.

Seguem-se os valores propostos:

Ingestão diária de sal em gramas (e sódio em mg):

– Baixa (a evitar) – <0.25 g (100 mg);

– Normal (fisiológica) <2.5 g (1000 mg);

– Recomendada <5.0 g (2000 mg);

– Elevada ≥5.0 g (2000 mg);

– Muito elevada >10 to 15 g (4000–6000 mg);

– Extremamente elevada >15 g (6000 mg).

Redução diária do sal na dieta:

– Redução pequena se <2.5 g (1000 mg),

– Redução moderada se entre 2.5 to 5.0 g (1000–2000 mg);

– Redução grande se >5.0 g (2000 mg).

Veja o artigo aqui.

Campbell, N. R. C., et al. (2015). “Proposed Nomenclature for Salt Intake and for Reductions in Dietary Salt.” The Journal of Clinical Hypertension 17(4): 247-251. DOI: 10.1111/jch.12442

Acedido a 2015-04-05

Comentário: o conteúdo de sal/sódio de uma refeição já preparada que se vende no supermercado Continente em 2015-0405 é a seguinte: Sopa de Legumes com 311 g (0,62 g de sódio ou 1,55 g de sal) e Bacalhau à Brás com 250 g (3,0 g de sal). Estes dois componentes de uma refeição tem uma dose total de sal de 4,55 g ou seja quase o máximo de sal recomendado por dia.

 

 

Sal_Continente

2015-03-24 – Risco com o uso da Amiodarona na Hepatite C

O antiarrítmico Amiodarona está contraindicado em doentes com hepatite C a fazerem o novo fármaco Sofosbuvir (com o nome comercial Sovaldi ou Harvoni). A associação destes dois fármacos pode provocar bradiarritmias graves que podem ser fatais.

Mais informações na Circular Informativa do Infarmed  N.º 055/CD/8.1.7. Data: 27/03/2015 e na carta divulgada pela firma Gilead produtora do medicamento anti-hepatite C.

Comentário: a Amiodarona é um fármaco poderoso mas tem um perfil de efeitos adversos muito importante quando usado cronicamente. Para além do efeito pró-arritmico (descrito neste alerta) temos a fibrose pulmonar, a fotossensibilidade, as alterações da função tiroideia, os depósitos na córnea entre outros. Este fármaco deve ser usado apenas em situações em que a indicação seja formal e o risco de efeitos adversos seja menor que os resultados clínicos que se antecipam.